Como eu um dia dissesse a Escobar que lastimava não ter um filho, replicou-me:(Machado de Assis, Dom Casmurro, 196).
— Homem, deixa lá. Deus os dará quando quiser, e se não der nenhum é que os quer para si, e melhor será que fiquem no Céu.
— Uma criança, um filho é o complemento natural da vida.
— Virá, se for necessário.
Não vinha. Capitu pedia-o em suas orações, eu mais de uma vez dava por mim a rezar e a pedi-lo. Já não era como em criança; agora pagava antecipadamente, como os aluguéis da casa.
No romance Dom Casmurro, lemos muitas vezes que o protagonista, Bento, tenta negociar com Deus e pagar-lhe com padre-nossos, ave-marias e outras orações. Em sua juventude, ele sempre promete que vai fazer as orações mas nunca faz. Na próxima vez, ele tem que prometer mais orações ainda para pagar aquelas que estão atrasados.
Mas Bento mudou bastante durante os anos de adolescente e de adulto. Ele não é aquele mesmo jovem despreocupado e sem cuidados. Ele não brinca como brincava antes. Isso faz uma grande parte da transformação de Bentinho para Dom Casmurro, o homem velho, triste e só.
Gostei muito a sua leitura, Eric. Escolheu uma passagem fascinante e provocante.
ResponderExcluirSó uma pequena correção: é um "romance" e não uma novela.
Continua com as leituras!
abraços